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Ausências

Hoje caminhando na rua como de costume, vi uma coleira presa a um portão. O que chamou minha atenção não foi apenas a coleira em si, mas a falta de um cachorro preso a ela. A ausência do cachorro gritou mais alto do que a presença da coleira.
Nós vemos que algumas vezes, coisas pelas quais cruzamos em nosso caminho, gritam sem estar presentes. Um último resquício de voz, de algo que faz parte do passado. Presenças que são sentidas pela sua ausência.
Uma marca de pneu de um carro que passou por alí. Um sapato perdido, um risco na parede.
Até uma carta, um bilhete de alguém que se despede.
Talvez um dia você perceba que as minhas roupas jogadas na sua cama não eram assim grande coisa.
Talvez a falta delas te marque de alguma forma.
Talvez a sua escrivaninha perfeitamente arrumada, sem as peças de xadrez meio desalinhadas por minha causa, te causem algum incômodo.
Talvez quando você vir a total e fria organização, a minha ausência fique clara.
Talvez assim, você sinta a minha falta.

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Um sobre dois


Tenho andado em meios de transporte ruins, vivido meias aventuras, sentido meias emoções, que corto ao meio por estar meio cansada de sentir demais.
Tenho lido livros só pela metade (mais por falta de vontade do que por qualquer outra desculpa meia boca).
Ando recusando convites pra sair por estar meio sem grana, meio sem saco.
Feito trabalhos meio mal redigidos por entender muito pouco de cada coisa.
Tenho iniciado projetos de vida e abandonado na metade.
Tenho tido meias vontades, todas meio incompletas por medo de arriscar as meias coisas que possuo.
Hora, meio que acredito em acaso, hora não acredito em nada.
Estive dormindo de meia noite e acordando ao meio dia, mas por meio de uma inspiração e umas meias vontades, mudei. Agora eu durmo metade das horas que dormia antes, mas isso meio que não tem feito diferença alguma.
Até agora estou quase no meio do caminho aos 40 e desde metade da minha vida não cheguei a lugar algum.
Tenho caminhado no meio fio usando usado meias furadas que o cachorro meio gay e de estatura mediana adotado pelo meu namorado morde e rasga.
Olhando pra ele, sinto falta dos meus cachorrinhos e da minha amada cadela de meia idade.
Esses cachorrinhos, meio bichos, meio anjos que utilizam o olhar como um meio de comunicar-se e chegar até nossos corações tentam me ensinar coisas que sou humana demais pra compreender. Queria ter metade das qualidades que eles têm.

Minha vida anda meio estranha.
Como um copo meio vazio.
Se bem que os otimistas diriam que é meio cheio.

Uma coisa é certa. Pelo menos o meu coração, ah, esse está completo.
O resto, é só de importância relativamente mediana.

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Declaração pública de amor

Está é uma declaração de amor aberta. Sinta-se a vontade para ler, mesmo sabendo que estás espiando por entre a declaração de outrem. Mas o gostinho de ver uma novela da vida real e se inspirar nas felicidades dela são sempre tão boas, não é? Sinta-se a vontade.


Caio
Você se lembra de quando nos conhecemos? Sei que lembra, pois falamos desses tempos sempre. Da sensação quente e estranha de estar apaixonado. Aquele gostinho de primeiro amor.
Lembra de quando você foi morar em outro estado e o quanto sofremos? Eu tinha me convencido que aqueles tempos durariam para sempre. Mas aqui estamos, não é?
Eu estava perdida em pensamentos e me lembrei de quando acendemos uma velinha vermelha e apagamos as luzes pra ficar dançando juntos. Nós sorriamos um para o outro de tanta pureza.
Já devemos ter crescido mais do que nos demos conta. Se pudéssemos espiar através do tempo e olhar o passado, veríamos duas crianças sorrindo uma para a outra, com um sentimento nos olhos que já se sabia que era amor, mas que nem imaginavam a proporção que ele poderia alcançar.
Os dois garotos usando fardinhas e estudando no ensino médio se transformaram em universitários, um pouco mais perto da realidade, mais perto de alcançarem seus sonhos.
A cada dia que passa, o que eu sinto por você não para de crescer. E hoje, 3 anos, 5 meses e 23 dias depois de ter dito "Sim" ao seu pedido de namoro posso afirmar, com toda certeza, que estou mais apaixonada por você hoje do que em todos os dias anteriores.
Afirmo isso de olhos vermelhos de tanto chorar, chorar de amor.
É uma declaração de amor daquelas que vem do fundo, arrasando tudo, como as catástrofes naturais.
É piegas, é brega e estou cheia de saber que todas as cartas de amor são ridículas, e talvez, eu seja a mais ridícula de todas.
Acabaram minhas palavras, mas não minhas lágrimas. Talvez eu deva parar por aqui antes que essa escrita me consuma por inteira. Poucas cartas que escrevi alcançaram o nível imersivo como nesta. É um sentimento devastador, e o melhor de tudo é saber que esse peso pode ser compartilhado com você. Tudo fica tão mais fácil quando eu sei que você faz parte da minha vida.
Nem sei o que fiz de tão bom pra te merecer, sabia?
Só pra afirmar o óbvio, preciso dizer: Eu te amo, Caio.

Sempre sua, 
Jade Lacerda.

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Sem teísmo

Sou atéia.
Acho que nasci atéia e só depois me dei conta disso.
Nas escolinhas de estudo bíblico eu sempre questionava as professorinhas, até que era repreendida por ser pecado questionar as leis divinas. Logo eu me cansava de frequentar lugares que limitavam seu direito de expressar-se com ameaças de que algo tenebroso poderia me acontecer se eu continuasse com as minhas perguntas. Por conta dessa educação, a imagem formada de Deus em minha cabeça era de um senhor de barba branca, olhar sábio, sentado em um trono de nuvens e um cinto sempre em uma das mãos (a esquerda, naturalmente), pronto para castigar seja quem for e seja lá o motivo.
Qualquer má atitude que eu tivesse era seguida com a repreensão: "Deus castiga!". E logo tudo se tornava um campo ameaçador, onde eu era um bonequinho rebelde em uma maquete gigante, tinha medo de ser esmagada. Minha mente de criança criava coisas mirabolantes como um cometa me acertar em cheio ou ser vítima de uma bala perdida.
Antes de dormir, minha avó me instruía a rezar. Obviamente eu tentava entender o motivo da obrigação de fazer as orações e ela respondia: "Deus nos ama, e devemos sempre agradecer pelas coisas boas que Ele nos dá, pois nem uma folha cai sem o consentimento do Todo Poderoso".
Assistindo ao jornal, via pessoas inocentes sendo mortas de maneiras brutais e outras coisas horríveis demais para uma criança. Eu perguntava: "Se Deus está cuidando de todas as pessoas, então porque ele não parou as balas que atingiram essa criança?". Ao que me respondiam: "Os caminhos de Deus são misteriosos, minha querida". E eu sentia medo.
Pensei nas dúvidas que ninguém conseguia me tirar e das injustiças nos julgamentos das próprias pessoas que seguem o cristianismo e percebi que aquilo não me completava.
Resolvi assumir para mim mesma, foi difícil. A dúvida me mastigou por dias a fio. Quando eu resolvi que aquelas verdades incontestáveis não me tocavam, não me convenciam, passei a me sentir assustada.
A cada nota baixa ou qualquer coisa ruim que me acontecia, tinha medo de ser a ira de Deus se voltando contra mim por estar questionando sua existência, como um pai bravo.
Assumir meu ateísmo para a sociedade foi, e ainda é, uma tarefa muito difícil. Mas foi mais difícil ainda para mim mesma. No início, eu sentia o medo da dúvida e todas as suas consequências. Assumir um estilo de vida que vai contra a sociedade é sempre árduo, mas é preciso ou você nunca se sentirá liberto.
Nem todos que me conhecem sabem que eu não acredito em absolutamente nada, sou uma pessoa sem crenças. Não preciso disso e sou feliz e livre assim. Mas por saber que muitos não entendem, prefiro ficar quieta. E também, sou uma ateia medrosa. Tenho medo de perder meus amigos, medo de apanhar na rua, medo de morrer nas mãos de algum religioso radical.
Eu conheci muitas pessoas que viviam dentro da igreja e eram pessoas maravilhosas, assim como ateus maravilhosos. Assim como conheci muita gente detestável que ia rezar toda semana e vivia com a bíblia na bolsa dizendo "Amém" quando o padre/pastor falava: "Precisamos amar ao próximo como se fosse o nosso irmão.", mas que não perdia a oportunidade de passar por cima de qualquer um e gente que não frequentava a igreja e se comportava da mesma forma.
Logo, eu não acho que acreditar em Deus faça de você bom ou ruim. Nem acho que acreditar em Deus seja uma coisa ruim, muito pelo contrário, pois sei que muita gente mudou de vida por conta da religião e justamente por isso eu não desejo que ela acabe ou perca força.
Não saio por ai pregando meu ateísmo porque eu sei que não é uma forma confortável de viver e não é pra todos. Encarar o medo acreditando que se está sozinho é um peso para poucos e por saber que aguento, vivo muito bem assim.
E sabe, eu gosto de quem vive para pregar sua fé. Pode parecer ironia, mas eu sinto uma empatia enorme por quem vive em prol da causa na qual acredita, respeito muito.
Já outras pessoas, que vivem da demagogia, eu posso apenas ignorar e esperar que não se metam naquilo que não conhecem.
Eu fui radical por um tempo, sedenta por verdade. Concluí que todo radical é idiota. Qualquer pessoa que tente impor seu ponto de vista é um imbecil. Resolvi parar com isso, cresci.
Acabei desacreditando de tudo. Até da teoria do Big Bang. Eu não quero uma explicação de como o universo surgiu, pois seja lá o que aconteceu o resultado sou eu, nada mudará isso.
Escrevi esse texto apenas para esclarecer o meu ponto de vista. Não tenho a intenção de ferir ninguém. Só quero que saiba que seja você um cristão, budista, hindu, xintoísta ou seguidor de qualquer outra religião, acredite nela. Acredite porque você ama aquela verdade que escolheu para si. Acredite porque você é livre para escolher.
Ou faça como eu, desacredite, mas certifique-se de que essa escolha te faz pleno.
Seja feliz com a sua verdade e que se dane o que dizem as pessoas.

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Manifestantes de facebook

Este é um desabafo sobre o que observo em relação a comoção relacionada ao Instituto Royal e afins.
Não venho falar apoiar ou condenar os testes em animais, pois sei que muitos são necessários, e como eu não tenho como provar os métodos utilizados, limito-me a falar apenas daquilo que conheço.
Venho pra apontar algumas posturas.
Desde pequena, fui ensinada a evitar marcas que faziam testes com animais. Não é algo que eu possa combater em 100% do que eu consumo, mas diminuía sempre que podia.
Quando fui abordar o tema na minha escola, as pessoas, principalmente meu grupinho de “amigas” me disse: “Que mentira. E mesmo se for verdade, eu não vou deixar de comprar os produtos que eu gosto por causa de uns bichinhos”.
E essa mentalidade ridícula e tipicamente humana perdurou por muito e muito tempo. Nesse tempo, tive o cuidado de imprimir panfletos com marcas que faziam ou não testes com animais e entreguei a pessoas com certo nível de consciência ambiental. Já cheguei, inclusive, a dar uma aula o assunto a uma vendedora da Unilever que queria me vender sabonetes no mercado, recomendando que ela pesquisasse sobre o assunto.
Hoje, eu vejo aquelas mesmas pessoas que esnobaram dos animais compartilhando imagens de repúdio ao Instituto Royal e pagando de amantes dos animais no caso dos Beagles. Como não me revoltar?!
Essas pessoas querem apenas passar uma imagem que elas não vivem.
São dignos de pena esses eternos ignorantes, revoltosos de momento, guiados pela maré da sociedade.
Isso aconteceu há pouco tempo atrás, nos protestos por conta do aumento da passagem. Vi corruptos por natureza segurando cartazes contra a corrupção. Pessoas que não levantam para idosos no ônibus pedindo por mais respeito. Gente que fica com o troco errado e acha que está lucrando segurando cartazes condenando o desvio de dinheiro. Pessoas que venderiam seus votos se tivessem oportunidade compartilhando imagens da bandeira nacional.
Eu tive esperança, e ainda tenho em alguns, mas eu sei que esse país está como está por conta do mar de lixo que se multiplica nestas terras tupiniquins.
Mas quem sabe as boas árvores não conseguem se nutrir de todo esse adubo, e assim, gerar vida?
Seja qual for a causa, viva eternamente em prol dela. Não seja um desses papagaios que repetem cegamente tudo que ouvem, pois, se você continuar com essa fome de querer mudar as coisas no grito, não mudará absolutamente nada.
Mas eu sou uma sonhadora.
Ainda quero acreditar que esses bocudos de facebook estão aptos a mudar alguma coisa que não sejam suas fotos do perfil.

Eu preciso acreditar.

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E se eu disser: "Sim"?


Ultimamente, uma vontade louca veem tomando conta dos meus pensamentos. Acho que são novos sonhos crescendo, do tipo que aparece quando os seus sonhos anteriores se realizam. Corro o risco de ser banal, e sim, um muro entre a fluidez de palavras me segue, pois é difícil se escrever sobre o que apenas conseguimos sentir.
Olhando para um céu cor de chocolate, só consigo pensar nele, na sua voz macia como as núvens, na sua pele aveludada, em como eu me sinto ridiculamente e insanamente feliz perto dele, capaz de abraçar o mundo inteiro.
Mas que diabos leva uma menina que sempre gritou aos quatro ventos que não queria nunca casar, se amarrar a ninguém, o que a leva então, a procurar no Google fotografias de casamentos temáticos? E ficar escutando horas a fio aquela música que ela jura que tocará na cerimônia de casamento quando ela entrar para se juntar a seu noivo?
A magia do amor é certeira, nos torna meros clichês na vida. Eu quero ser como aqueles clichês dos contos de fadas, ''e foram felizes para sempre'', mas para isso eu teria de começar a me questionar o quanto é para sempre, onde acaba, quanto pesa e qual seria a sua medida. Mas isso é uma coisa que o meu futuro engenheiro e marido, sabe lidar bem.

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Reprovada (e feliz)


Outro post no mesmo dia. 
O anterior foi sobre a ansiedade de esperar um importante resultado no vestibular.
Esse de agora é para falar como foi saber sobre o resultado desfavorável pra mim.
Não estou me sentindo infeliz. Meus pais parecem mais tristes do que eu. E não foi por "não cair a ficha" ou algo do tipo.
Mas estudar na UFS mostrou ter tantos aspectos positivos (como eu comentei no post anterior), que eu provavelmente não teria em Recife.
Claro, a UFPE é a mais conceituada (embora as duas tenham as mesmas notas no Mec), mas ainda assim. Prefiro uma cidade grande mais tranquila, menos cheia.
Tenho meus motivos, que por mais que explique, poucos entenderão.
E não tem nada a ver com namorado, já que vivo em um relacionamento a distância a dois anos, aprendi a lidar com isso.
Mas as oportunidades que me apareceram, de fazer amigos, de cultivar os que já tenho. De amadurecer com a vida me dando tapas na cara. Isso me pareceu incrivelmente sedutor.
E não importa quantas vezes eu explique.
Essa queda me deixou feliz, como eu disse que ficaria.
E a vida é cheia de surpresas, e essa está me parecendo deliciosamente boa.

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